Uma energia imaginável



   Quem de vocês imagina que seja Deus além de um sopro que o homem idealizou como divino?
O ar é Deus, a fertilidade da terra é Deus, a água é Deus. Tudo o que se vê é Deus; o ar, o mar, a terra, o universo, o céu e o inferno. O homem é Deus porque se diz feito à sua imagem e semelhança e no homem existe a terra, o ar, a água e o fogo. E disso segue que o ar, a terra, a água e o fogo são Deus. Nosso corpo é feito e composto destes quatro elementos; a carne e os ossos são a terra, o sangue a água, a respiração o ar e o calor o fogo. Nosso corpo está sujeito  às condições do meio mas nosso sopro “divino” que é a alma, não. Porque ela é feita de uma substância mais nobre que o corpo, o éter.
   No homem existe intelecto, memória, vontade, pensamento, crença, fé e esperança. A isto damos o nome de alma e morto o corpo, morre a alma. Os criacionistas acreditam na existência de um segundo elemento denominado espírito que é dissociado da alma. Tem a mesma vontade do homem, rege e governa seus desejos e após a morte do corpo o espírito retorna a Deus. Portanto o homem é formado por corpo, alma e espírito. Uma antropologia tão abstrusa quanto complicada.
   Na verdade a alma tem vários nomes no corpo de acordo com as diversas funções que nele desempenha. Se a alma dá vida ao corpo é chamada de substância ou energia, se é a vontade é chamada de coração, quando ela entende e sente é chamada de juízo, quando imagina e pensa é chamada de memória, mas a inteligência está colocada na parte mais elevada da alma donde se recebe a razão e o conhecimento. Quando o corpo expira é chamada de espírito. De onde vem, então, a distinção entre a alma mortal e o espírito imortal?
Como eu não sou beato, não acredito em Jesus como salvador da minha inocência nem vou a missa aos domingos para provar que não sou judeu, terei duas mortes totalmente diferentes uma da outra. Uma morte corporal junto com a alma que é comum a todos, e uma morte espiritual. A morte para os ateus se chama morte e para os fiéis se chama sono. He, He, He... Para os ateus a morte corporal os priva dos amigos, a morte espiritual os priva dos santos e anjos. A morte corporal destitui os ateus dos bens materiais, a morte espiritual os destitui dos bens celestiais. A morte corporal tolhe os ateus dos movimentos corpóreos, a morte espiritual os torna imóveis como pedras. A morte corporal faz corpo cheirar mal, a morte espiritual faz a alma cheirar mal. Por fim, a  morte corporal retorna o corpo a terra, a morte espiritual leva a alma ao inferno.
   Meu alento é que; o intelecto, a memória, a vontade, o pensamento, a crença, a fé e a esperança, isto é, estas sete coisas são desnecessárias lá em cima, tanto no céu quanto no inferno. A eternidade é dócil, transparente e etérea como o Deus que nós criamos em espírito.   

Comentários

Edson Moura disse…
Fala Mirandinha meu velho. Detonou neste texto, cheio de ambiguidades, como não poderia deixar de ser um texto vindo de sua mente. Como você deve "desconfiar", sou ateu (he he he) e a morte para mim de fato é o nada. Do nada vim, para o nada retornarei (retornarei?), nem sei sei se posso usar este termo, afinal, um ateu que morre não retorna para lugar algum, pois estaria contradizendo-se. Sendo assim:

Morreu! Acabou! É a vez de outra"alma vivente" experimentar as delícias que só uma vida autêntica pode proporcionar.

Abraços mano! Saudades de nossos debates. Estou conversando com meu sócio Marcio, para voltarmos a escrever algumas heresias lá no Outro Evangelho.
É Edson, os ateus são mais autênticos por não temerem a Deus algum. Suas heresias são refutáveis por não serem reveladas pelo espírito santo.Que bom que vocês voltem aos debates.
Após a morte o ateu não precisa de anjos e santos, de bens celestiais ou pedacinhos de céu. Seu corpo permanece inerte sem chance de petrificação. A morte corporal faz o corpo cheirar mal e há os cremados que fazem o inferno obsoleto. A morte faz o ateu retornar a sua origem e continuar a ser deus.
Mariani Lima disse…
Altamirando, por que desejamos ser imortais? É a inteligência q prega essa peça na gente? Não é um contradição dizer que a fé é uma falta de intelecto se de alguma forma é porque penso, porque sei que tenho consciência que preciso acreditar que não serei extinta? Sei lá! Fiquei pensando isso agora.
Beijos... Fica com Deus.
Levi B. Santos disse…
Mariani respondeu à la Freud (rsrs)


A Imortalidade para Freud é o desejo de imortalidade, o que no “frigir dos ovos”, é o desejo de que a morte não seja o fim.

O conteúdo do inconsciente, que é a fonte de todos os DESEJOS, ignora a passagem do tempo. Sendo assim poderemos, poeticamente, dizer que este sentimento é indestrutível enquanto durar.
Eduardo Medeiros disse…
'Quem de vocês imagina que seja Deus além de um sopro que o homem idealizou como divino"?


A imaginação e a criatividade é o que temos de mais espetacular em nosso ser enquanto ser. Quanta bobagem dos racionalistas de carteirinha que vivem apregoando a supremacia da razão sobre a emoção e a imaginação. Somos seres muito mais emocionais que racionais.
Deus foi imaginado de tantas e tantas formas quanto permitiram a imaginação emotiva do homem.
Somos a "consciência do universo"(nas palavras de um famoso físico) e isso é algo grandioso demais para que levemos esse fardo sozinhos;
precisamos compartilhar essa missão quase absurda (de ser a consciência do universo) com alguém semelhante a nós, além de nós e por que não, superiores a nós.Mas nesse processo criativo e emocional, misturam-se os entes e aí já não temos certeza do que veio antes, o ovo ou a galinha, Deus ou o homem.
Mariane Lima,

Fé ou falta de intelecto é diferente da vontade de ser eterno. A imortalidade é um anseio que todo ser humano cultiva, mesmo os que aceitam o jugo da morte corpórea, aspiram a imortalidade da alma. Pena que nossa eternidade tenha tempo determinado.
Edu meu caro,

Eu acho que Deus criou a si próprio, já que não existe coerência entre o ovo e a galinha.
Unknown disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse…
Onde em tudo se vê a deus é a linha de pensamento panteísta que de certa forma é uma linha que crê no sobrenatural divino.
Quanto ao sangue acredito que seja também parte do oxigênio ou o ar em nosso corpo, pois 70% do nosso corpo é composto de água mesmo.
Palavras de um leigo que não entende de medicina ou anatomia.
Como sempre seus textos faz a gente pensar um pouco. A fé e crença não é, na minha opinião, iminente ao ser humano, mas é adquirido durante nossa vivência em sociedade, claro, dependendo da sociedade que se vive. Acredito que quem primeiro falou sobre a dualidade do homem foi Descartes que associou o corpo as coisas do mundo que vivenciamos e o espírito a própria intelectualidade.
Bom ter pessoas como você que fazem a gente permanecer questionando e evoluindo.
Sem sua permissão postei isso lá no facebook em nosso grupo EQUILÍBRIO S/A, mas com todos os direitos reservados.
Miranda,

Fuque à vontade. Você manda nesta sala e depois eu mando a conta, he, he, he...

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