Herança mitocondrial de uma Eva primata
As mitocôndrias (mt DNA) estão localizadas no citoplasma das células,
ao passo que os cromossomos localizam-se no núcleo celular, a grande diferença
entre eles em termos de herança é que os genes nucleares (organizados no
cromossomo) necessitam de um homólogo situado no mesmo local (locus) do
cromossomo para que se manifeste no fenótipo. Essa manifestação depende de
outros fatores que não vamos abordar aqui como a dominância, a recessividade, a
homozigose etc. No caso do Homo Sapiens enquanto o DNA nuclear depende de 46 cromossomos da célula espermática, mais os 46 cromossomos homólogos da célula
do óvulo para codificar o DNA do indivíduo que irá nascer o DNA mitocondrial
provem somente do óvulo, já que as contidas no espermatozoide são eliminadas no
momento da fertilização.
A divisão das mitocôndrias é
independente da divisão celular e se dá quando há necessidade de mais energia.
Essas diferenças entre os genomas do núcleo e da mitocôndria são marcantes, mas
há outra ainda mais intrigante que surge quando se dá a fertilização de um
óvulo por um espermatozoide.
Como todos
sabem nesse processo o material genético do espermatozoide se mistura com o do
óvulo. Cada participante, pai e mãe, contribui com 46 cromossomos que se
misturam e combinam, formando os cromossomos nucleares do embrião.
Algo diferente acontece com os genes mitocondriais do espermatozoide. As
mitocôndrias do espermatozoide são marcadas com um composto chamado ubiquitina e,
quando penetram no óvulo, essa marca informa que elas devem ser destruídas.
Pouco tempo após a fecundação, o embrião só tem mitocôndrias herdadas da mãe.
Em outras palavras: para as mitocôndrias só há herança materna. A genética das
mitocôndrias não é mendeliana, pois as mitocôndrias do embrião são iguais às da
mãe, exclusivamente. E assim por diante, ao longo das gerações: do ponto de
vista mitocondrial, os machos não importam, ou importam quase nada
Isso levou à descoberta de que o DNA
mitocondrial é muito bom para acompanhar linhagens genéticas. Como ele é
herdado apenas da mãe, não sofre praticamente nenhuma recombinação. Também
sofre pouco os efeitos da seleção natural devido a seus genes serem poucos e
especializados. Os pesquisadores começaram então a usar o DNA das mitocôndrias
para traçar a história evolutiva das populações.
Os genes do núcleo levam milhões de anos para acumular mutações, pois são
relativamente bem protegidos. É por essa razão que 98% de nossos genes
nucleares são iguais aos genes dos chimpanzés. Os genes mitocondriais mutam
cerca de 20 vezes mais rapidamente que os nucleares pois sofrem a ação dos
radicais livres e são nus. A resolução nas comparações entre genes é muito mais
fina se o DNA das mitocôndrias é usado, em vez do nuclear, para rastrear as
árvores genealógicas.
A função principal das mitocôndrias é a de RETIRAR ENERGIA DOS NUTRIENTES
através da FOSFORILIZAÇÃO OXIDATIVA que se processa no interior das
mitocôndrias através da produção de ATP (adenosina trifosfato). Podemos
dizer que as mitocôndrias são “a casa de força” das células principalmente as
musculares completamente dependentes da liberação das reações metabólicas para
o consumo de energia. A qualidade e extensão das contrações extensões
musculares estão diretamente ligadas ao mtDNA e terão um desempenho de acordo
com a eficiência da liberação de energia para esses movimentos.
ATP é a sigla para a Adenosina
Tri-Fosfato, ou Tri Fosfato de Adenosina, mas todo mundo só chama de ATP.
Essa molécula foi a engenhosa solução achada pela natureza e pela evolução para
compor um sistema simples, rápido e robusto de trocar energia.
Em qualquer situação prática, trocas de energia precisam ser feitas de
forma organizada para evitar perdas. Para isso, usamos pilhas, baterias, caixas
d’água, represas, fios elétricos, enfim, um monte de esquemas para organizar a
produção e o transporte da energia da fonte de geração ao consumidor.
Nas células, esse gerenciamento é feito com o uso do ATP.
O ATP é TRANSPORTE que leva a energia do local onde é produzida (as
mitocôndrias) para onde ela é requisitada, em outras partes da célula. Agora
mesmo, quando você move o dedo para clicar seu mouse, os músculos
de seu dedo estão tirando um pouco de energia das moléculas de ATP que estão
por perto e usando essa energia para contrair as fibras, produzindo o movimento.
O mesmo acontece com qualquer outro processo biológico que use energia - isto
é, todos!
É compreensível então a
similaridade do desempenho muscular de cavalos PSI descendentes de determinadas
linhas maternas mesmo que muito distantes no seu pedigree, ao mesmo tempo em
que se verifica a inconstância do mesmo desempenho em relação aos filhos do
mesmo pai. Também é notória a capacidade diferenciada
para movimentos explosivos de curta duração e aqueles mais lentos de longa
duração, não somente na estrutura das fibras musculares, mas também a
capacidade explosiva de algumas linhagens de equinos QM em contraposição a
capacidade de resistência de outras.
Selecionar por linhas maternas
sólidas e comprovadas é uma forma de garantir a preservação de caracteres
importantíssimos que somente nossas mulheres de fibra e qualidade podem
proporcionar.
Por outro lado evidencia cada vez mais a impossibilidade do sonho de produzir
trabalhadores diferenciados pela qualidade com origens maternas medíocres.
Comentários
He, he, he...Ninguém escolhe uma boa mãe para si. Escolhemos uma boa mãe para nossos filhos. A educação e o meio moldam sua ética, caráter e outros predicados adquiridos por ensinamentos, osmose ou autoridade. A disposição para trabalhar, a resistência física, libido e outros atributos físicos são heranças genéticas, algumas mendelianas, outras não. Como as mitocondriais. Existem, também, as heranças do cromossomo X ...