O que todo criacionista deveria saber
Parte XV – Davi
Na escritura hebraica Davi não é só o doce cantor de Israel,
o cinzelado poeta que toca harpa e compõe os Salmos. Após fazer sua reputação matando Golias, Davi recruta um
bando de guerrilheiros, extorque riquezas de seus concidadãos a poder da espada
e luta como mercenário para os filisteus. Davi destrona seu sogro Saul e
absorve as tribos meridionais de Judá, conquista Jerusalém e a faz capital do
seu reino que durará quatro séculos. Davi será celebrado em historias, canções,
esculturas e sua estrela de seis pontas simbolizara seu povo por três mil anos.
Também é venerado como precursor de Jesus. Na família real
sexo e violência andam de mãos dadas. Um dia, enquanto passeia pelo terraço da
casa real, Davi espia uma mulher nua, Bate Seba, e gosta do que vê. Por isso
manda o marido morrer em batalha e a adiciona a seu harém. Mais tarde um filho
de Davi estupra uma irmã e é vingada por outro filho. O vingador, Absalão, reúne
um exército e tenta usurpar o trono de Davi tendo relações com dez de suas
concubinas. Perseguido pelos soldados de Davi
Absalão fica preso, pelos cabelos, a uma árvore e o general de Davi lhe
crava três lanças no peito. Bate Seba
engana o senil Davi para que nomeie seu filho bastardo, Salomão, como seu
sucessor. Quando o legítimo herdeiro, Adonias, o filho mais velho de Davi
reclama, Salomão manda assassina-lo.
A Bíblia retrata um mundo, aos olhos modernos,
de uma selvageria chocante. As pessoas escravizam, estupram e assassinam
membros de sua própria família. Mulheres são compradas, vendidas, estupradas e
roubadas como brinquedos sexuais.
Jeová, tortura e massacra pessoas às centenas de milhares por
desobediências triviais ou mesmo sem razão alguma. Não são atrocidades isoladas
nem obscuras. Elas envolvem todos os principais personagens do Antigo
Testamento e aparecem em uma linha contínua de um enredo que se estende por
milênios começando por Adão e Eva, passando por Noé, Moisés, Josué, Sansão,
Saul. Davi, Salomão, entre outros. A Bíblia hebraica contém mais de seis mil
passagens que falam explicitamente sobre nações, reis ou indivíduos que atacam,
destroem ou matam outros em nome de Jeová. Sem contar os mil versículos nos
quais o próprio aparece como o executor direto de punições violentas e mais de
cem outras em que o criador ordena expressamente que se matem pessoas.
A boa notícia, obviamente, é que a maior parte de tudo isto
jamais aconteceu. Não há indícios que Jeová inundou o planeta ou incinerou suas
cidades, assim como a saga dos profetas. Os historiadores não encontraram
referência alguma sobre o êxodo de um milhão de cativos. Algo que não passaria
despercebido pelos escribas egípcios. Os arqueólogos não descobriram, em
Jericó, indício de saques em suas ruínas por volta de 1200 a.C. Se existiu algum
império davídico que se estendia do Eufrates até o Mar Vermelho na virada do primeiro milênio
a.C., ninguém da época parece ter notado.
Estudiosos modernos da bíblia concluíram que ela foi um
trabalho colaborativo nos moldes de nossa Wikipédia. Ela foi compilada no decorrer de meio milênio por escritores
que tinham diferentes estilos, dialetos, nomes de personagens, concepção de
Deus e então montada a esmo o que a deixou repleta de contradições, duplicações
e “non sequiturs”.
A imensa maioria de judeus e cristãos praticantes, nem é
preciso dizer, são pessoas decentes que não sancionam o genocídio, o estupro, a
escravidão ou o apedrejamento por infração sem importância.
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