Inteligência artificial
Desde a revolução industrial já se temia que a mecanização
pudesse resultar no desemprego em massa. Isto não aconteceu por que quando as
velhas profissões se tornaram obsoletas, novas profissões se desenvolveram.
Sempre havia algo que os humanos eram capazes de fazer melhor que máquinas.
O homo sapiens tem dois tipos de aptidão; as físicas e as
cognitivas. As máquinas assumiram trabalhos puramente manuais, ao passo que os
homens se concentraram naqueles que requeriam algumas aptidões cognitivas.
Assim, foi fácil trocar a enxada por uma colher de pedreiro. O assento de uma charrete
pela cabine de um trem.
O que vai acontecer quando algoritmos nos suplantarem nas
ações de lembrar, analisar e reconhecer padrões?
Isto já aconteceu há duas décadas quando em fevereiro de 1996
o computador Deep Blue derrotou o campeão mundial de xadrez Gary Kasparov.
Com o passar do tempo tornou-se, cada vez, mais fácil
substituir humanos por algoritmos. Com isto, cada vez mais, os humanos estarão
fora do mercado de trabalho e a riqueza e o poder se concentrarão nas mãos de
uma minúscula elite proprietária destes algoritmos aumentando uma desigualdade
social jamais vista. Milhares de taxistas, motoristas de ônibus, caminhoneiros
e industriários etc, têm significativa influência econômica e política. Se seus
interesses coletivos forem ameaçados
seus sindicatos organizam greves, boicotes e poderosos blocos de votação
elegendo até presidente da república. Entretanto, assim que milhares destes
profissionais forem substituídos por um único algoritmo, toda esta força,
riqueza e poder estarão nas mãos de corporação dona deste algoritmo e gerida
por um punhado de bilionários que são seus donos.
A lei dos humanos reconhece entidades intersubjetivas como
corporações e nações como pessoa jurídica. Há 9000 anos, uma grande porta da
Suméria pertencia a deuses imagináveis como Enki e Inana. Até o século XIX
grande parte da ilha do Marajó pertencia
ao Vaticano.. Se deuses podiam possuir
terras e empregar pessoas, por que não, os algoritmos?
O século XIX criou, através da revolução industrial, uma classe
imensa de proletariado urbano onde o socialismo se disseminou por que ninguém
conseguiu dar uma solução social para as necessidades, esperanças e temores
desta nova classe trabalhadora. Posteriormente o liberalismo só logrou derrotar
o socialismo ao adotar as suas melhores idéias sociais.
No século XXI poderemos assistir a criação de uma maciça
classe não trabalhadora. Pessoas destituídas de qualquer valor político, social
ou artístico que em nada contribuem para a prosperidade, o poder e a glória da
sociedade a que pertence. Eles não estarão simplesmente desempregados. Eles
estarão inempregáveis. Talvez, ainda neste século, as revoltas populares sejam
dirigidas, não contra uma elite econômica que explora pessoas, mas contra uma elite
econômica que já não precisa delas. Pode
ser uma batalha perdida. É muito mais difícil lutar contra a irrelevância do
que contra exploração. Que venha o século XXII.
Comentários
Porém, assim como a facilidade vem a pobreza cultural. A geração de hoje tem preguiça. Preguiça de ler, de se informar, desconhecem fatos históricos e até homens que ocupam cargos importantes seguem auto didatas, sem formação, considerando-os como Guru.
É preocupante ver que a mesma tecnologia que tem pressa em evoluir também gera uma massa aculturada que insiste em ter o fácil como referência.
A inteligência artificial agirá como um rolo compressor sobre a massa de trabalhadores com ou sem experiência. Aqueles que já estão no mercado há algum tempo não obterá chance alguma. O tempo, as obrigações sociais e a quantidade de vagas. Os que já tem 40 anos não terão tempo para se especializar numa profissão que abrange a área da informática. Já formou família. O número de vagas é muito menor que a quantidade de ociosos. Por exemplo: Na agricultura, para operar vinte máquinas agrícolas necessitam vinte operadores, informatizadas com algoritmo um operador dentro de um escritório faz o trabalho com mais eficiência. Grevistas, só de fome!!!
Pois bem, na contramão dessa evolução digital está um nicho de mercado saudosista e crescente em algumas áreas. Por exemplo, conversando com um amigo de São Paulo ele disse que aumentou consideravelmente a procura por cds e vinis originais pois existem aqueles que apesar da facilidade do streaming como Spotify, preferem o contato com a obra, com o material físico e até com o cheiro da obra original. E pagam caro por eles.
Eu confesso que ainda compro cds originais. E novas gerações, influenciados por país muitas vezes estão movimentando esse mercado. Quem diria que cds iriam voltar a vender.
Acho que algumas coisas são cíclicas e sempre voltam. Vide os programas de restauração de carros. Um Dodge Challenger 79 é uma relíquia caríssima e não faltam compradores.